terça-feira, 17 de março de 2015

Livre




  Hoje eu acordei e vi um mundo diferente. 
  As coisas que eu costumo ver e que costumo olhar, hoje, me pareceram de um outro jeito, como se eu não estivesse aqui, como se eu estivesse olhando o mundo de fora, como um espírito que salta de seu corpo e enxerga a tudo e a todos. Onipresente. 
  Hoje, tirei o dia pra observar e aprender. Aprender com quem eu nunca conheci, aprender comigo mesma,         aprender com quem estivesse afim de me ensinar.
  Hoje, tirei o dia de folga, caminhei sob nuvens, mergulhei em copas, observei espíritos, naveguei sob rios, trilhei cidades, voei na companhia de pássaros, retirei ensinamentos de todas as formas possíveis de vida. Eu resolvi tirar todas as roupas que me apertavam, o tênis desconfortável que machucava meus pés, o sutiã que me deixava marcas, a calça que pressionava meu estômago.
  Quis me sentir livre, assim como vejo que o mundo me quer. 
  Livre pra pensar, filosofar, aprender, amar, viver. Livre pra emergir o que fosse possível. 
  Livre pra questionar todos os dogmas impostos sobre mim. Livre pra questionar essa tal de injustiça. Livre pra questionar o que todos chamavam de sociedade. Livre pra questionar o que é seu, o que é meu. Livre pra querer viver no país que EU ESCOLHI pra viver e não aquele que me foi dado por natureza. Livre pra explorar a natureza. Livre pra saltar de um precipício. Livre pra observar a vida de outras janelas que não fosse a minha. Livre pra conhecer culturas. Livre pra cantar alto e estourar todos os tímpanos de quem estivesse por perto. Livre pra dançar e rodopiar, até ficar tonta, até cair e não saber como levantar. Livre pra sorrir. Livre pra tirar a roupa e foda-se essa porra toda de indumentária. 
  Eu queria mais é sentir meu corpo. Eu queria sentir todos os 5 sentidos que me pertenciam. Eu queria que cada objeto e cada fresta de ar pudesse ser sentido por cada molécula que fazia de mim uma formação complexa e sem definição. Eu queria é sair correndo e gritar tudo aquilo que você não estava tão afim de escutar.
  Eu queria é que os dias fossem mais longos e menos curtos. Eu queria é que eles passassem bem lentamente pra eu passar o dia te beijando. Eu queria ser uma criança que se lembrou de como é brincar livremente pelo gramado do quintal da frente. 
  Eu queria ser o mar. INFINITO
  Eu queria que ele me contornasse, assim como contorna e permeia o Globo.
  Eu queria que ele mostrasse todos os seus vales, com todas as suas profundezas, mistérios e vidas que dentro dele cabem.
  Eu queria que ele permeasse tudo que há de bom.
  E, assim como emergiria em mim, pudesse eu fazer o contrário e permeá-lo com tudo que jaz de bom dentro de   mim. 
  Eu queria mostrar meus defeitos. Meus anseios. Meus desejos e todos meus segredos.
  Eu queria permear e semear vida. 
  Assim como sempre ansiei e desejei que ela fosse minha.

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